Powered By Blogger

sábado, 11 de junho de 2011

INTERATIVIDADE, TUTORIA E AMBIENTE DE APRENDIZAGEM

O Ambiente de Aprendizagem (AA) é um elemento crucial na educação a distância (EAD). Na era da Internet, o AA é virtual e accessível via computador ou outro dispositivo com acesso à web. Na década de 80, o AA de cursos a distância era muito diferente, restrito unicamente à correspondência via correios (Souza e Araújo, 2010). A maioria dos poucos cursos disponíveis no Brasil naquela época não fazia uso de nenhum outro recurso, apenas correspondência e textos impressos em papel.

Desde o século XIX, a EAD contava com o uso dos correios para transmitir informações e instruções aos alunos e receber destes as respostas às lições propostas, funcionava como alternativa empregada principalmente na educação não formal (Almeida, 2002). Há muitos anos o rádio e a TV têm sido usados como AA, mas a interatividade era limitada e o aluno se manifestava apenas por meio de correspondências e telefone (Flórido e Soares, 2005).
Com a evolução tecnológica, o papel do professor também evoluiu, chegando na consolidação da figura do professor tutor. O tutor torna o AA muito mais interativo. Diálogos apenas com o computador são difíceis para muitas pessoas. De acordo com Litwin (apud Souza e Araújo, 2010), diferentes tecnologias têm sido incorporadas ao ensino ao longo do tempo e vêm redefinindo a forma com os professores interagem com os alunos, em especial na EAD. A tecnologia requer muito preparo técnico e rigor disciplinar do aluno. Um dos pontos críticos da EAD é a evasão dos alunos em decorrência de não se adaptarem à tecnologia. Em um AA completamente automatizado esta dificuldade se intensifica, pois requer contato direto e continuado com a tecnologia. O trabalho desenvolvido pelo tutor e os textos de apoio disponibilizados aos alunos minimizam este problema promovendo a interatividade por meio de um diálogo mais próximo do presencial.

De acordo com Prado e Valente (2002), atuar no AA significa expressar pensamentos, tomar decisões, dialogar, trocar informações e experiências e produzir conhecimento. As interações por meio dos recursos disponíveis no AA propiciam as trocas individuais e a constituição de grupos colaborativos que interagem, discutem problemas e temas de interesse comum, pesquisam e criam produtos e ao mesmo tempo os desenvolvem. A etimologia da palavra tutor traz implícito o termo tutela e proteção, comuns na área jurídica, como por exemplo na defesa de uma pessoa menor ou necessitada (SÁ, 1998).

Ao tutor cabe a promoção de interatividade, buscando identificar as dificuldades e limitações de cada aluno. Para tanto, o tutor precisa ser dedicado e dispor de tempo. Não pode apenas “cumprir” seu tempo previsto para o curso. Se o tutor apenas executar suas tarefas formais, a interatividade estará muito comprometida. É preciso “promover” a interatividade, ou seja, ser ávido e criativo em relação a trazer o aluno para o AA. Segundo Vidal e Silva (2010), esta convivência favorece a aquisição do saber, na medida em que permite a troca de conhecimentos e experiências.

O tutor precisa conhecer cada aluno em termos de sua participação no ambiente de aprendizagem. E-mails individuais, comunicação pear-to-pear (MSN, Google talk, etc.) e o velho telefone podem ser necessários para atingir o aluno e motivá-lo a “voltar” para o AA. Segundo Souza e Araújo (2010), “a partir de 1990 começou-se a perceber o avanço tecnológico através da internet para o ensino-aprendizagem: interatividade, autonomia e flexibilidade”.

As possibilidades de comunicação a disposição dos tutores e alunos aproximam o ensino a distância do ensino presencial. Esta argumentação pela “monitoração próxima” do aluno não significa “carregar” o aluno nos braços. Significa criar oportunidades para o aluno persistir no curso. Isto também ocorre no ensino presencial. Um conselho e/ou um elogio do professor podem ser muito importantes para alguns alunos.

Além de bem escritos, os textos de mensagens e avisos precisam transmitir “sinais” e “sentidos” que os tornem mais “facilmente aceitos” pelos alunos. Mensagens “ásperas”, “frias” e “insensíveis” aos poucos podem desmotivar e desanimar os alunos. Portanto, cuidados devem ser tomados em relação ao meio como se promove a interatividade, ou seja, a comunicação deve ser primorosa. Um outro ponto importante para que se tenha um AA com interatividade é o feedback construtivo, criado pelo tutor.

Há tutores que “economizam” palavras ao comentar sobre as atividades (tarefas) realizadas pelos alunos. Assim como no ensino presencial, é muito importante que os tutores sejam criativos e que utilizem critérios previamente definidos ao fazer as correções. Ao receber um feedback incompleto, falho e superficial, o aluno pode “perder” a confiança no tutor. Como vai interagir com um tutor no qual não confia? Interatividade sem confiança é possível?
Segundo Ferreira e Rezende (2004), o tutor deve acompanhar, motivar, orientar e estimular a aprendizagem autônoma do aluno, utilizando-se de metodologias e meios adequados para facilitar a aprendizagem. Através de diálogos, de confrontos, da discussão de diferentes pontos de vista, de diversidades culturais e/ou regionais e do respeito entre formas próprias de se ver e de se posicionar frente aos conhecimentos, o tutor assume função estratégica na interatividade na EAD.
Referencias Bibliográficas
Almeida, M. E. B.. Tecnologia e Educação a Distancia: Abordagens e Contribuições dos Ambientes Digitais e Interativos de Aprendizagem. PUC, São Paulo, 2002.
Prado, M. E. B. B.; Valente, J. A. A Educação a Distância possibilitando a formação do professor com base no ciclo da prática pedagógica. In: Moraes, M. C. Educação a distância: fundamentos e práticas. OEA/MEC, Unicamp, NIED, 2002.
SÁ, I. M. A. A educação a distância: processo contínuo de inclusão social. Fortaleza: CEC, 1998.
VIDAL, O.F.; SILVA, M.M. O tutor na educação a distância: contribuições da motivação para a aprendizagem online. In: Encontro de pesquisa em educação em Alagoas, Anais... 2010. p.1-9.
Souza, S. Sá; Araujo, M. J. de Azevedo. A formação de tutores da educação a distância. Disponível em: Acesso em: 27 out.2010.
Flórido, I.H.; Soares, S.S.K de Paula. Mediando a comunicação em tutoria. Curitiba, Editora da UFPR, 2005.

Nenhum comentário:

Postar um comentário