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sábado, 4 de junho de 2011

Interatividade, Tutoria e as Relações Interpessoais no Ambiente de Aprendizagem

           A educação à distância (EAD) é um processo de ensino-aprendizagem que vem conquistando cada vez mais espaço no cenário educacional. Sua principal característica atualmente é o uso intensivo de tecnologias de informação e comunicação (TICs). Nesta forma de ensino é necessário que exista um ambiente de estudo adequado, assim como também é necessário no ensino presencial. A qualidade do processo educativo depende do envolvimento do aluno, dos materiais veiculados, da estrutura e qualidade de professores, tutores, monitores e das ferramentas e recursos tecnológicos utilizados no ambiente (PEREIRA, SCHIMITT e DIAS, 2007). O trabalho do tutor é muito importante para promover o envolvimento do aluno.
Por ser um processo de aprendizado mediado por tecnologias e mídias no qual os professores, tutores e alunos estão espacial e temporariamente distantes, um dos fatores de suma importância para um ensino com qualidade é a interatividade. Um exemplo de interação na EAD é comunicação por meio das ferramentas disponíveis nos ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs), que é facilitada pelo tutor. A interação (entre alunos e tutores) pode ultrapassar os limites dos AVAs, por meio de e-mails e de redes sociais, por exemplo. A qualidade da interação depende muito das ações desenvolvidas pelo tutor, mas também da forma como o tutor leva a cabo essas ações. O tutor deve ser dinâmico, ter visão crítica e global, ser responsável, ter capacidade de lidar com situações novas e inesperadas e deve saber trabalhar em equipe (JAEGER e ACCORSSI, 2010).
Na EAD, os recursos tecnológicos conjugados com o apoio tutorial devem constituir um ambiente que promova o desenvolvimento do conhecimento dos alunos. Devem possibilitar uma mediação entre professores, conteúdos didáticos e alunos de forma que a distância não seja empecilho para o processo de aprendizagem. Além do material didático, é importante que o espaço virtual seja organizado e objetivo, com textos interativos e auto-explicativos. O trabalho do tutor é essencial para que o aluno desempenhe seu papel com sucesso. As atribuições do tutor são muitas e não há como definir de forma precisa as suas ações. As competências e habilidades do tutor se mostram fundamentais para esse processo de interação e para a promoção de uma aprendizagem colaborativa (Gonçalves, 2008).
Segundo Riccio, Silva e Souza (2007), “as competências necessárias ao exercício da tutoria são três: a técnica, a gerencial e a pedagógica”. Na técnica, o tutor deve ter domínio dos recursos tecnológicos, capacidade de socialização de saberes com os cursistas, capacidade para elaborar relatórios técnicos. Na gerencial, deve ter habilidade de planejamento a curto e médio prazo, prontidão na reformulação de estratégias para a solução de problemas, e autonomia na tomada de decisões. Na dimensão pedagógica, o tutor deve ter domínio do conteúdo específico a ser trabalhado, habilidade para estimular a busca de resposta pelo aluno, disposição para continuar aprendendo, domínio de técnicas motivacionais,  conhecimento de recursos didáticos, domínio dos critérios de avaliação do curso. Deve sempre estar atento à sua didática, já que se trata de uma modalidade diferenciada de ensino e cheia de desafios.
As relações interpessoais na EAD são diferentes da educação tradicional. A interação realizada essencialmente por meio de recursos tecnológicos (e.g. fórum e chat) requer atenção especial do tutor. Segundo Alves e Nova (2003), o tutor é um agente organizador que tem como função a orientação e a construção do conhecimento e da auto-aprendizagem do aluno. Um dos desafios do tutor é usar as TICs para o desenvolvimento de um ambiente de aprendizagem estimulante e interativo, para tanto precisa dispor de habilidades interpessoais, como liderança, confiança, tomada de decisão e disposição para aprender (Wissmann, 2006).
Segundo Capelo (2005), a abordagem centrada no aluno desenvolvida por Rogers pressupõe que os cursos tem o objetivo de desenvolver os alunos de uma forma plena, bem como conduzir esses alunos para a auto-realização. Os cursos devem facilitar  a aprendizagem auto-dirigida. Dois conceitos são centrais nesta abordagem, a tendência atualizante e a não-diretividade. O primeiro diz respeito à tendência das pessoas em desenvolver todas as suas potencialidades em benefício de sua conservação e enriquecimento. O segundo pressupõe que as pessoas têm em si próprias condições de auto-compreensão e que são capazes de alterar suas atitudes e comportamento.
Assim, cabe ao tutor identificar as características de cada aluno e saber explorá-las, já que se trata de um ambiente com pessoas distintas e de diferentes contextos e conhecimentos. O tutor, para promover essa relação com o aluno a ponto de poder conhecê-lo melhor, deve usar estratégias diferentes da educação tradicional, precisa de um diferencial. O tutor não deve apenas produzir materiais e meios de transmitir conhecimento, mas deve também ser um intercessor numa aprendizagem que liga conhecimento adquirido com conhecimento já obtido. A atuação do tutor deve levar em consideração a figura do aluno, mantendo uma relação amigável, promovendo sociabilidade, demonstrando sensibilidade e promovendo a motivação.
Referências Bibliográficas
ALVES, Lynn; NOVA, Cristiane. Educação a Distância: Uma Nova Concepção de Aprendizagem e Interatividade. São Paulo, Futura, 2003.
CAPELO, F.M. Aprendizagem Centrada na Pessoa. In: Revista de Estudos Rogerianos – A pessoa como centro, Nº 5, Primavera-verão 2000. Disponível em: http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/ ler.php?modulo=13&texto=817. Acesso em 09 nov 2010.
GONÇALVES, A.M.H. O Perfil do Professor/Tutor em Cursos Online. Dissertação de Mestrado. Universidade Aberta, Lisboa, 2008.
JAEGER, F. P.; ACCORSSI, A. Tutoria em Educação a Distância. Disponível em <http://www2.abed.org.br/visualizaDocumento.asp?Documento_ID=86>. Acesso em 09 nov 2010.
PEREIRA, A. T. C.; SCHMITT, V.; DIAS, M. R. A C. Ambientes Virtuais de Aprendizagem. In: PEREIRA, Alice T. Cybis. (orgs). AVA - Ambientes Virtuais de Aprendizagem em Diferentes Contextos. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2007.
RICCIO, Nicia Cristina Rocha; SILVA, Patrícia Rosa da; SOUZA, Emalra Pereira de. Formação de Tutores para Educação a Distância com ênfase na interatividade. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE COMPUTAÇÃO, 27, 2007, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: [s.n] 2007, p. 413-421. Disponível em: <http://www.brie.org/pub/index.php/wie/article/viewFile/946/932>. Acesso em: 09 nov. 2010.
WISSMANN, L. Dal M. Autonomia em EaD – uma construção coletiva. In: POMMER, A. et AL., Educação superior na modalidade a distância – construindo novas relações professor-aluno. Série Textos Didáticos. Ijuí: Editora Unijuí, 2006. Disponível em <http://www2.unijui.edu.br/ ~liaw/Autonomia%20em%20EaD%20.pdf>. Acesso em 09 nov 2010.

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